“Procure a
sorte à sua volta, ela pode estar mais próxima do que você imagina”, dizia o
bilhete, que depois perdi.
Usei o
perfume dos bravos – pensei: é preciso coragem para prosseguir. Conversei com
três lobos perdidos numa noite sem lua. Guardei um jasmim sob o chapéu para
perfumar os cabelos. Esperei amanhecer, hora em que os prédios são de uma cor
confusa.
Fiz uma
lista, que depois perdi, de coisas imprecisas que fazer: sair de casa sem
anúncio ou previsão, vagar pela cidade sem destino ou propósito – pensei: quem
não espera não encontra o inesperado. Comprei sapatos que mordem o calcanhar.
Dei com bares e portas fechados, pessoas indecisas como eu e lugares
previsíveis como sempre. Pensei: é preciso coragem para parar.
Sem pensar,
estático, com os olhos ora ao longe ora ao chão, me surpreendi quando um
estranho me perguntou o que faço, realmente: nada. Isto fez estender o desentendido.
Saí só para
só ficar. Assim é, em que nada acontece, como sempre.
Sempre
previsível, nunca provável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário