18/08/2010

Anotações à margem

Como retornar quando não se sabe pra onde,
quando o estranho não tem origem?
Como conciliar o desejo de permanência e a necessidade de fuga,
quando se foge de tudo, de si mesmo e da pergunta?
Como inventar um caminho sem chão, ou seguir sem rumo,
quando a coragem, na verdade, é vertigem?

...

saber-se só
na impossibilidade de repetir
o parto e a partida;

esquecer-se ao
abandonar o porto náufrago
e o conforto da despedida;

seguir sozinho
quando a vida não passa
de um trabalho constante:
desmontar roda-gigante.

Parque da Pampulha, 07.08.2010

10/08/2010

retrato de família

raízes expostas
de uma árvore tombada

infrutífera
seca, oca,

apodrece
degenera

genealogia morta.