18/08/2010

Anotações à margem

Como retornar quando não se sabe pra onde,
quando o estranho não tem origem?
Como conciliar o desejo de permanência e a necessidade de fuga,
quando se foge de tudo, de si mesmo e da pergunta?
Como inventar um caminho sem chão, ou seguir sem rumo,
quando a coragem, na verdade, é vertigem?

...

saber-se só
na impossibilidade de repetir
o parto e a partida;

esquecer-se ao
abandonar o porto náufrago
e o conforto da despedida;

seguir sozinho
quando a vida não passa
de um trabalho constante:
desmontar roda-gigante.

Parque da Pampulha, 07.08.2010

3 comentários:

Paula Zilá disse...

muito bom, meu caro Chicote das minas não tão distantes.

é interessante essa vida-pensamento na corda-bamba e seus malabarismos.

Desmontar roda-gigante.

um grande abraço apertado nesse interlocutor tão fluxo, abeirado.

Priscila Milanez disse...

um amigo já me disse que rodar na roda gigante é só um jeito antigo de tocar o céu... Talvez, precisássemos de mais rodas gigantes por aí, não?

um cheiro!

maria carol disse...

Meu caro.... meu nome é comum como minha alma.

coragem que é vertigem! é....


isso.

As vezes não sei se minha vertigem é coragem ou deserto.

Na dúvida, a deixo desmontar as rodas-gigantes...