14/01/2010

tenho de reinventar minha existência.

uma cidade em ruínas que se apaga ao menor ruído da máquina estática do tempo. nos espaços vazios dos escombros se arriscam meus projetos, que se desfazem antes mesmo de serem erguidos.

tenho de encontrar minha solidão. talvez haja um alento nesse silêncio.

penso que cada inseto pode ser um Gregor, ou um escritor, ou outro eu.
penso: existo? pensar só pirora as coisas.

(20.11.09)

13/01/2010

Diário de bordo. Viagem a Brasília.


25.11.09

Um horizonte, um mar onde encostar os olhos e umedecer a boca, neste caminho que não termina.

Vertigem: sensação de queda num abismo.
Origem: perda de horizonte.



26.11.09

Brasília é uma cidade como outra qualquer. Os prédios encobrem a paisagem, o caos engole a ordem. A cidade torna do concreto ao croqui. Resta o traço, o rastro, a memória em forma de souvenir. A cidade tem de ser desmontada, reinventada a cada segundo. Onde flutuam seus espelhos, seus vidros, o lápis não descobre, o insignificante fragmento que sustenta uma catedral, a leveza do tempo inacabado, da cidade abandonada.

A cidade que me habita desmorona incessantemente, pedra a pedra ao pó reduz-se sua possível existência, poeira de matéria incerta, disforme.

Tenho de reinventar minha existência. Pedra a pedra, palavra por palavra.

Espero encontrar em alguma esquina remota o ponto de fuga onde o destino não me veja correndo de mim mesmo.

Para onde retorno se não sei de onde parti?

(Imagem: croqui de Lúcio Costa)