Diário de bordo. Viagem a Brasília.
25.11.09
Um horizonte, um mar onde encostar os olhos e umedecer a boca, neste caminho que não termina.
Vertigem: sensação de queda num abismo.
Origem: perda de horizonte.
26.11.09
Brasília é uma cidade como outra qualquer. Os prédios encobrem a paisagem, o caos engole a ordem. A cidade torna do concreto ao croqui. Resta o traço, o rastro, a memória em forma de souvenir. A cidade tem de ser desmontada, reinventada a cada segundo. Onde flutuam seus espelhos, seus vidros, o lápis não descobre, o insignificante fragmento que sustenta uma catedral, a leveza do tempo inacabado, da cidade abandonada.
A cidade que me habita desmorona incessantemente, pedra a pedra ao pó reduz-se sua possível existência, poeira de matéria incerta, disforme.
Tenho de reinventar minha existência. Pedra a pedra, palavra por palavra.
Espero encontrar em alguma esquina remota o ponto de fuga onde o destino não me veja correndo de mim mesmo.
Para onde retorno se não sei de onde parti?
(Imagem: croqui de Lúcio Costa)
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