25/05/2011

em que nada acontece I

À espera do inesperado, procurei me perder. Vagar pelas ruas, conversar com mendigos, entrar em algum lugar abandonado. Nada aconteceu, como previsto. As portas estavam fechadas, ninguém apareceu e é impossível perder-se em uma cidade planejada. Estúpida ironia. Um dia extraordinariamente normal. Nada belo, nenhum sentimento. Apenas a suspeita de vagar em vão. Não há diferença entre sair sozinho ou acompanhado – a mesma solidão, assumida ou disfarçada. Sempre os óculos escuros a esconder olhos contritos e ressequidos de dias sem dormir, meses sem chuva, anos sem chorar.