30/11/2007


VITRAIS segunda parte

ISTO É UM FILME?

Isso é só um filme!

Quem disse?

Não é de fato real.

O que garante?

Se você desligar o aparelho, o real continua.

Você diz que real é isto que se dá: nós aqui conversando?

Sim. Tudo isso.

E que aquilo é só um filme, não-real?

Isso mesmo!

E se fizéssemos o contrário?

Como?

Se “desligássemos” isto que se chama “real”, o não-real continuaria?

Como assim?

Se morrêssemos, o “filme” continuaria?

Mas não teria ninguém para desliga-lo depois...

Então continuaria?

Por um tempo sim, até que acabasse a energia, ou alguém o desligasse.

E nós?

Mas ele não pode acabar por si só, decidindo-se por isso.

Nós podemos?

Claro que sim, isto é, suicidando-nos!

Você diz, se nós mesmos nos “desligássemos”?

Sim.

Então não haveria mais o real, nem o não-real?

Nós nos “desligaríamos” do real, mas ele continua.

Mas, para nós, o real não acabaria?

Sim.

Então, desligando o filme, ele não acabaria simplesmente para nós?

Possível.

Mas, se nos desligando do real, ele de alguma forma continua, o filme também

FIM

não continua?

Você está dizendo que o filme é real?!

Não. Só que ele continua.

Então, isso é um filme?

2 comentários:

Paula Zilá disse...

Sim, tudo é magnificamente transitório, mas ainda assim é triste não poder levar nada a sério. Talvez essa melancolia venha do apego, talvez das expectativas... vai saber?
e esta imagem? é do filme? de onde é?

cisco disse...

pensei esta imagem para uma possível seqüência do primeiro filme. Seria como um vitral sobre outro, outra imagem portanto. Ou uma outra parte da primeira, formando outro vitral. Talvez surjam mais. Não sei.