Escreveria uma carta como uma arma apontada para sua cabeça e dispararia palavras à queima-roupa num súbito assalto exigindo tudo aquilo quanto me deves.
Escreveria uma carta em uma parede de vidro para lhe ver através, sentado em sua sala espelhada olhando a si mesmo como quem se perguntasse inocente por sua culpa.
Escreveria uma carta feito um cão faminto e farejaria seu corpo e lamberia sua orelha enquanto estivesses dormindo sem sentir minhas pegadas à sua volta.
Escreveria uma carta como quem se percebesse mudo e gemesse de desespero diante de sua partida.
Mas você distante, parado, acena surdo, à espera de que eu diga adeus.
3 comentários:
Me faço destinatária desta carta, pelo prazer simples de compartilhar cartas, um prazer quase bobo e vaidoso por confissão! Que bela carta, mas é mais do que apenas bela... e, num latido contido, digo:
isso!
Grande Chico!
Certa vez escrevi uma carta parecida com essa, mas muito parecida mesmo na intensidade.
Não acreditei qdo vi que você é o meu irmãozinha Chico, escondido atrás de jazzcontainer. Pára. Mundo muito pequeno.
beijos, gabi.
que bom reler vc, Chico, e extrair tanta intensidade das tuas letras. Carta esta que eu bem poderia ter escrito a alguém. Bom me sentir em letras alheias.
Meu afeto ainda tens! Será que guardas?! Um beijo grande, querido.
Postar um comentário